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TÍTULO DE LEITOR X TÍTULO DE ELEITOR 5g5s3

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FONTE

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Dois sentimentos diferentes, dentre tantos outros, me vem à tona em época de eleições. O primeiro é de orgulho por termos garantido, já há algumas décadas e a duras penas daqueles que entenderam o que é política, um processo democrático de escolha, fazendo valer o nosso título de eleitor. Mas o segundo é de profunda decepção com essa representação que na verdade pouco representa. Acredito que ainda poucas pessoas tenham noção do que representa uma eleição, pois, a maioria, não tem a mínima ideia de onde vem e para onde vai a política, falta-lhes o título de leitor.  6n214g

Você já deve ter o seu título de eleitor, agora lhe proponho avaliar se você realmente tem título de leitor. Começo esclarecendo que a palavra política vem do grego “pólis” e significa sociedade, coletivo de pessoas. Assim, a política em seu sentido mais amplo significa a busca pelo bem comum, pelo bem da comunidade, desse coletivo de pessoas. É em vista do bem comum que o Estado se organiza, é para o bem e a harmonia social que temos municípios, estados e países organizados em três diferentes esferas: Os que fazem as leis (Poder Legislativo: vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores – escolhidos pelo povo), os que executam as leis (Poder Executivo: prefeitos, governadores e presidentes – também escolhidos pelo povo) e os que fiscalizam, garantem e punem os que não cumprem as leis (Poder Judiciário, juízes das comarcas, desembargadores dos Tribunais e ministros do STF e STJ – que ingressam na carreira, geralmente, por concurso público).   2p2r6i

Percebamos que todas as pessoas que ocupam esses cargos, só o fazem para que se garanta a harmonia da sociedade e o bem estar das pessoas. Em outras palavras, essas pessoas que exercem seu “oficio” nessas funções recebem seus salários para defenderem os interesses da sociedade, isto é, o meu, o seu, o nosso interesse. Mas com um detalhe, concentram suas ações excepcionalmente nos interesses individuais, e, primordialmente, nos interesses coletivos.  d2o64

Definir o papel de cada um desses poderes tem sido um processo bastante lento e delicado, sobretudo, porque o que se coloca em jogo representa vários interesses, mais ou menos nebulosos: de um lado o interesse das elites em se manterem no poder, dos latifundiários em manterem suas grandes porções de terra, dos industriários em terem cada vez mais lucros, tendo matéria prima barata e pagando baixos salários e pouquíssimos impostos; do outro lado, o desejo das classes menos favorecidas em fazer valer seus direitos, dos que não tem terras em tê-las para poder produzir e buscar sua autonomia, dos trabalhadores com relação a melhores condições de trabalho e remuneração, dos cidadãos maximamente onerados pelos impostos, das minorias por espaços de igualdade de tratamento. Perceberam como existem interesses conflitantes na sociedade? Como definir então o que é bem comum, já que pessoas diferentes desejam coisas diferentes? Como fazer política, isto é, como buscam o bem comum?  4u6e5f

A pergunta que salta aos olhos de forma evidente, e que você e eu devemos responder, é: de que lado você e eu estamos? Você e eu talvez saibamos disso muito bem ou não saibamos isso direito, alguns não fazem a mínima ideia do que isso significa. Essa posição marca os objetivos que temos na vida e refletem o caráter que temos. Ao ocupar um desses “cargos” ou representar um desses poderes, outra pergunta deve ser respondida: que lado o seu representante está nessa busca de equilíbrio e harmonia social?   371u45

Para te ajudar a pensar, e assim garantir o seu título de leitor, reflita comigo: se eu e você juntos construirmos algo que valha mil reais e o dividimos em duas partes iguais, 500 reais para cada um, há um equilíbrio, concorda?. Mas se eu tiver 60% e você apenas 40% você estará em prejuízo, e se eu tiver 70%, 80%, 90% dessa riqueza, ou mesmo 100%, haverá equilíbrio nessa relação, nessa divisão da riqueza, nesse o ao bem que nos é comum? É claro que não, o meu lucro, necessariamente, será o seu prejuízo. A quem cabe regular essas relações, não apenas em relação às riquezas materiais, mas em todas as dimensões dos nossos direitos fundamentais? Respondo sem pestanejar: ao Estado, e nele, aos poderes, como vimos acima. Assim, a política serve para isso, para que se busque o bem comum e não apenas o interesse de determinadas classes que só desejam benefícios em prejuízo de outras que ficam com os seus direitos reduzidos. Para os que honram o seu título de leitor tanto quanto de eleitor, sua atitude deve ser a que garanta, de forma prática e objetiva, direitos e deveres para todos de forma equilibrada, com o mínimo de diferenças sociais ou privilégios como o “foro privilegiado”, que apesar de ser legal, me pergunto: seria moral?  2m6b1z

Por isso que fico entusiasmado por ter meu título de eleitor, pois ele garante a cada um de nós eleitores o direito de escolher as pessoas que vão defender os nossos direitos, mas por outro lado, fico profundamente decepcionado, pois muitas vezes, não usamos o nosso título de leitor e elegemos pessoas que não fazem isso, que se esquecem do bem de todos, do bem comum, e defendem apenas o que lhes convém pessoalmente, se aliam àqueles que buscam apenas interesses individuais ou de pequenos grupos, se esquecendo de cada um de nós que lhe deu este poder.   c5e1s

E você já deve estar se perguntando, mas como escolher? Fique atento! Não se deixe levar apenas por siglas partidárias, pois infelizmente elas representam quase nada, ou nada, ultimamente; muito menos as coligações, muito comuns nessa época e que juntam ‘oportunamente’ pessoas que defendiam interesses claramente opostos, com se essas divergências nunca tivessem ocorrido e como se todos nós fôssemos bobos a ponto de não percebermos. Deixe-se guiar pela vida de cada candidato, procure saber sobre ela, pelos valores que defende, pelo exercício digno de sua profissão. Afinal, você sabe a profissão do candidato, o que ele faz para realmente ganhar a vida? Você cidadão comum tem que deixar o seu suor todos os meses para ganhar o seu sustento, não tem? Por que o seu candidato não faria isso também, ou ele é político profissional? Se for desconfie, política não pode ser fonte de lucro sem esforço, até porque o lucro dele é prejuízo seu, aliás, prejuízo nosso. Você lembra o exemplo lá de cima? Seu candidato tem postura ética, ou costuma abandonar os seus companheiros no meio do caminho, desistindo do compromisso que dizia ter? Verifique se ele, só porque se candidatou, ficou bonzinho, ou a engajar-se em movimentos sociais, começou a fazer doações para as festas da comunidade, ou a cumprimentar você na feira, a andar de mãos dadas com seu companheiro ou companheira, ou a defender a moralidade, a religiosidade, se aproximou da Igreja, até mudou para sua Igreja e lá já virou uma liderança, pois nela havia poucos candidatos e aí percebeu que seria fácil “engambelar” os fiéis. Cuidado o demônio também tem essa face. A face de quem a a entender de tudo, sem perguntar nada a ninguém, de uma hora pra outra ou a ser pastor, médico, professor, engenheiro, assistente social, contabilista, empreiteiro; é o milagre da uniciência. Sabe de tudo com a mínima eficiência, o que dele podemos esperar?  3r2j1o

Peça ao seu candidato que pergunte aos médicos e usuários do SUS sobre saúde, aos professores e alunos das escolas públicas sobre educação, aos engenheiros, motoristas e usuários das vias públicas sobre as estradas, às famílias em risco social e aos assistentes sociais sobre os benefícios disponíveis dos programas sociais, peça que eles perguntem ao povo que tipo de prefeito e vereadores eles precisam. Que eles realmente ouçam e não tentem adivinhar esses desejos, que eles não tentem entender do que não estão capacitados para fazer uma análise profunda; que deem seu melhor e não apenas façam de conta que sabem, nos dando discursos vazios e propostas que não podem ser realizadas. Nós não merecemos isso, ao contrário, merecemos pessoas comprometidas, que sabem ler a realidade e o desejo do povo, colocando-os em prática.  48622g

Fique atento, seja um cidadão de verdade, use o seu título de leitor antes de usar o seu título de eleitor. Bom eleitor deve ser primeiro um bom leitor, leia e bem interprete os discursos que se calaram por 4 anos e que só agora levantam-se indignados com atual condição da política do município. Pergunte bem claramente ao candidato que quer lhe falar: onde você esteve nesses últimos 4 anos, onde estava essa voz que agora clama? Defendendo os interesses de quem? Quem eram seus amigos e aliados nesse meio tempo? Veja de onde vem o patrimônio que ele acumulou? Do seu trabalho ou dos ganhos com a política? Compare com o seu patrimônio. Pergunte se ele consegue entender as leis, se ele sabe algo sobre a Constituição do Brasil, a lei maior de onde devem provir todas as outras leis. Será que ele sabe ler de verdade? E, às vezes, não basta ter faculdade, há tantos que possuem nível superior e não conseguem entender o desejo do povo. Leia todas essas situações e escolha quem pode honrar o nome de político como aquele que busca o bem comum. Faça valer o seu título de leitor! Eu farei!  2x3g5k

Marcelo Porrua 3l134

Cidadão – leitor e eleitor 2o5o6j

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