f1nn

Visão de Vida e de Mundo o2z3b Folha de Araputanga
carregando
logo
  • Notícias
  • Cidades
  • Videos
  • Audios
  • Coberturas
  • Tempo
  • Contato
  • Artigo 6y101c

    Visão de Vida e de Mundo 83w5o

    access_time chat_bubble_outlineCidades
    FONTE

     

    Luiz Artur Merlo*

     

    O alicerce que se baseia tal dimensão mostra a diferença entre o sábio e aquele que vive num vazio existencial. O sábio amplia sua visão alicerçada em valores de cunho espiritual, onde sua fonte não é abstrata, mas concreta . Deixa-se tomar pela sensibilidade humana e por ela adentra no universo do “outro” e torna-se partícipe dos acontecimentos da vida alheia para somar positividade, otimismo e compaixão. O sábio despoja-se de si mesmo e faz o bem, não por um interesse de retorno ou levar vantagem, porém, simplesmente porque seu conceito sobre as pessoas, o mundo e os acontecimentos humanos o fazem assim, inserido no amor ágape. Aquele que se afoga num vazio existencial anda na contramão dos valores, seu alicerce é unicamente ele mesmo com seu “grande” raciocínio existencialista, egocêntrico, hedonista e ambicioso; não consegue ver ou sentir por aquele que “está ao seu lado”, procura levar vantagem sobre tudo e todos, até quando exerce “a caridade” a usa simplesmente como uma via que o leve em  busca de algo que o favoreça, principalmente em suas necessidades materiais. “as visões de mundo são constituídas por símbolos que sintetizam

    um ethos de um povo ou grupo, os símbolos provocam poderosas,

    penetrantes e duradouras disposições e motivações nos homens”. (Geertz 1989, p.109).

         É muito comum usar uma válvula de expressão que se diz: “Cada um tem sua opinião”. Porém, essa “máxima” faz o caminho de volta ao alicerce que se tem para definir a vida e seus conceitos, ou seja, alguns poucos como sábios e muitos como existencialistas perdidos num vazio existencial, mas, o que mais chama a atenção, é que mesmo os que andam na contramão dos valores, ousam pronunciar o nome de Deus, mas se esquecem de se perguntar quem é Deus? Se o fizessem, com certeza cairiam na consciência de que Deus não é a “imagem e semelhança” dos que vivem segundo o vazio existencial que os governam em seus pensamentos e atitudes. A realidade mostra que pessoas assim, ou melhor dizendo, “indivíduos assim”, tornam a suas vidas e a dos outros um constante conflito existencial, proporcionando sofrimento pessoal e coletivo. “Não se muda o mundo que se tem, sem antes mudar o mundo que se é”; a vida exterior é reflexo da vida ad intra:

     

               “Não há árvore boa que dê fruto mau, e nem árvore má que dê fruto bom;

                 Com efeito, uma árvore é conhecida por seu próprio fruto; não se colhem figos de espinheiros, nem se vindimam uvas de sarças. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o que é bom, mas o mau, de seu mal tira o que é mau; porque a boca fala daquilo de que está cheio o coração”. (Lc 6,43).

     

         Diferentes são os conceitos, a visão, o modo de se pensar e agir na dinâmica da existência terrena. Há várias esferas e seguimentos da sociedade que tentam nortear e conduzir as pessoas e os indivíduos no sentido da vida, pois, muitas coisas e fatos influenciam no contexto da mesma: dinheiro, fama, títulos, posição social, cultura, política e religião. Cada qual exprime e cativa com seus instrumentos à pessoa ou a pessoa exprime seu jeito de usar os instrumentos, porque é um jogo de manipulação. Infelizmente muitos possuem uma visão mesquinha e torpe da vida e usam os outros como “escada” para alcançar seus objetivos. A exploração do outro é intensa e em todos os sentidos: social, sexual, profissional e até religiosa também. Nessas esferas o outro só nos “serve” se ele produzir algo de bom e lucrativo ao nosso favor, senão, nós o descartamos e excluímos do nosso meio.

         É preocupante também, quando a influência que exercemos sobre os outros pode afetar sua natureza própria. Podemos com nossa fala ou atitude levar o outro a “criar” dentro de si uma personalidade diferente daquilo que ele é na sua essência; por exemplo: Se uma pessoa prima por valores e nós começamos a “injetar” na sua vida quando estamos nos relacionando com ela, situações que demonstram “contra-valores” e isso o atinge ou o leva a sofrer danos e perdas, na maioria das vezes essa pessoa pode se desequilibrar espiritualmente, emocionalmente e psiquicamente, fazendo com que ela reaja de forma que jamais em sã consciência ela o faria. Isso também pode fazer com que essa pessoa seja incompreendida por aqueles que não têm um senso de percepção mais humana e em a rotulá-lo de forma injusta e que não condiz com o seu “ser-pessoa”. Por isso, é preciso se constituir a partir dos “valores” que dão vazão as virtudes, para que não propiciemos ao outro uma “cruz” mais pesada do que aquela o qual ele já a carrega e também não dificultemos sua vida nas esferas sócio-econômica, profissional, política, cultural e religiosa.

        

    A existência humana sempre foi um objeto de estudo para mim, pois, procuro entender qual seja a finalidade da vida ao mesmo tempo que diferencio do que venha a ser meio de sobrevivência. Interessante é o fato de sabermos que não somos eternos nesse plano físico, mas, fascinante é tentar entender qual a realidade pós-morte que iremos confrontar. Os existencialistas não têm essa preocupação, já que para eles a finitude do ser humano é total e não permite nos lançarmos a uma dimensão metafísica, quer dizer, uma vez que deixamos de existir, isso é para sempre.

         O ser humano também é um mistério no que tange ao conhecimento da vida e de si próprio, pois, nem mesmo aquele que diz se conhecer o faz plenamente, porque a todo instante estamos nos surpreendendo a nós mesmos, com pensamentos, palavras e ações aos quais jamais poderíamos estar cônscios que em algum momento poderiam fluir de  dentro de nós. A existência humana e antes dela, a de Deus, tem levado os homens a se dividirem em opiniões, já que sendo Deus um ser ingerado e o ser humano uma criatura proveniente de uma matéria preexistente, ambos não são absolutizados na verdade lógica da inteligência humana, porém, entendidos no abismo existente entre a razão e a fé. O que é a razão, senão aquilo que é lógico, sensível e diluído em teorias inteligentes e versáteis, fruto da capacidade humana de pensar e formular idéias. O que é a fé, senão aquilo que extrapola a lógica humana e adentra em um universo onde a razão não pode ir, como também não se pode fazer como na lógica intelectual com capacidade de afirmar, confirmar e “fechar” uma seqüência de teorias inseridas apenas dentro da possibilidade humana de conceituar os fatos, evidências e acontecimentos. O mundo se divide entre aqueles que pensam com ideologias puramente humanas e aqueles que pensam num estilo de vida onde se busca uma divinização do que é humano, buscando a esfera da divindade que vai além do universo físico e alcançado por poucos. “Me diga quem tu és que eu te direi como tu pensas e ages e onde tu alicerças sua opinião e a própria vida”.

     

    *Filósofo (formação eclesiástica) Teólogo e cursando Pós-graduação (Psicopedagogia do Ensino